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quinta-feira, 8 de outubro de 2009

SERÁ UMA LENDA?

Conta a lenda que em meados do século XV, havia um reino muito poderoso, muito rico e com um exército respeitável.


Entretanto, nesse reino de muita prosperidade, entre os plebeus havia um pobre marceneiro. Ele era pouco conhecido e vivia de fazer pequenas peças que eram vendidas no mercado. Com isso, conseguia sobreviver com sua esposa e filhos.

Os filhos foram crescendo e o dinheiro que ganhava com as vendas no mercado já não davam nem mesmo para alimentar sua família. Mesmo assim, se empenhava no seu trabalho e vendia suas peças no mercado com a satisfação de quem havia concebido, nas peças esculpidas em madeira nobre, um filho.

Certo dia, antes de dormir, teve um pensamento que lhe pareceu como uma luz no fim do túnel - “vou ao castelo e mando uma carta ao rei pedindo o favor dele, se puder, me receber. Quem sabe, ele vendo meus trabalhos esculpidos não me dá uma chance de trabalhar no castelo...”

E foi o homem até o mensageiro do rei e lhe pediu o favor de entregar a carta com o seu pedido.

Estava ansioso por uma resposta. Mesmo que fosse dizendo que o rei não iria atendê-lo, mas estava feliz por ter tido esse ato de coragem que poderia ser salvação da sua família.

Mal ele sabia o rei, ao receber a carta, ficou enfurecido. Achou um abuso o plebeu ter a ousadia de se dirigir a ele e ainda pedir que fosse ouvido. Que direitos ele tinha?

O rei chamou o chefe da guarda e mandou aplicar no marceneiro um corretivo. Uma surra bem dada iria colocá-lo no seu lugar, com certeza!

O chefe da guarda chamou seu fiel escudeiro e disse: - Temos um trabalho a fazer, por ordem do rei. Iremos a casa daquele plebeu marceneiro para lhe darmos uma surra. Acredita que esse insignificante teve a ousadia de pedir para falar com o rei? A surra vai ser bem dada, para que ele nem pense em chegar perto do palácio!

Quando o marceneiro já estava se preparando para dormir, ouviu dois cavalos chegando. Eram cavaleiros do rei! Seu coração se encheu de esperança, Deus havia visto suas lágrimas, quem sabe o rei iria recebê-lo...

Ao sair pela porta os dois soldados o pegaram e lhe surraram até quase a morte. Rindo, saíram felizes e orgulhosos do belo trabalho... Começaram até a cantarolar enquanto cavalgavam de volta ao castelo.

A esposa e filhos do marceneiro o carregaram para dentro e cuidaram de suas feridas. Quando conseguiu falar, disse olhando para os olhos assustados de sua esposa: - Pensei que tínhamos um bom rei. Enganei-me. Peguemos nossas coisas e vamos embora desta terra, é muita humilhação para um homem. Que fiz eu, minha mulher? Que fiz eu, minhas filhas? O rei não poderia me mandar um mensageiro dizendo que o rei não iria me atender? Foi só um pedido! Por que mandar o chefe da guarda com o seu escudeiro de confiança para fazer isso comigo?

De manhã, o marceneiro pegou seus poucos pertences, colocou na velha carroça e foi embora.

Conta ainda a lenda, que ele atravessou a fronteira e construiu um casebre em outro reinado. Montou sua marcenaria e começou novamente a trabalhar.

No entanto, quando o rei daquele país soube, chamou seu mensageiro e disse: - Vá a casa daquele marceneiro e diga que o rei quer lhe falar.

Quando o homem viu um cavalo real se aproximando, entrou em desespero. Imaginou que o rei havia mandado bater-lhe e pior, talvez matá-lo. Ele já não duvidava mais de nada. Junto com o mensageiro chegou uns soldados que foram carregando para uma carroça todas as peças esculpidas.

O homem gritava para que não lhe fizessem mal e que não levassem as suas peças, pois era o seu sustento, mas de nada adiantou.

Logo ele estava no palácio. Seus trabalhos foram colocados diante do rei que minuciosamente examinou uma por uma, demoradamente. Finalmente se sentou e disse:

- Não sabia que em minhas terras morava um artista tão talentoso! Gostaria que aceitasse a minha oferta, se puder: Quero que trabalhe para mim. Há muito tento encontrar um marceneiro habilidoso para esculpir minha nova mobília. Espero que aceite minha oferta e venha morar com sua família dentro dos muros do castelo. Assim vocês estarão mais protegidos.

O marceneiro sentiu o sol da esperança brilhar novamente em sua alma... Aquele além de um bom rei,  era um homem de valor, um homem sábio!



Autoria: Renato Salles

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